Aqui há uns tempos achei que estava apaixonadita

Acho que vou começar a procurar marido na biblioteca. Mas não é em qualquer ala, é nas estantes de Direito e Medicina. Ou nas de Biologia e Química. Línguas esquece, cancela. Para desempregada já basto eu e se uma gaja já está a pensar em encontrar marido é porque quer vida boa e tá por tudo.

Há muito moço bonito na biblioteca. Aqui há uns tempos deixaram-me um bilhetinho com um número de telemóvel no cacifo, mas aposto que esse não era giro. Ou se era, era parolo porque ninguém em condições faz uma coisa dessas. Mas depois uma gaja também começa a pensar: e se ele era mesmo giro e inteligente e tudo o mais e eu deixei escapar o homem da minha vida? Devia ter ligado!

Comecei a escrever esta lengalenga porque vi um gajo muito giro e ele entretanto sentou-se ao pé de mim. Se isto não fosse uma biblioteca uma gaja ainda metia conversa. Ou então não! Já ninguém sabe bater coros cara a cara sem estar bêbedo. Sóbrio só no Facebook. É a maldição das redes sociais. Eu pessoalmente nunca tive jeito para essas coisas, mas quem tem deve ficar muito chateado. Antigamente é que era!! Enganar meninas e desviar moças era uma verdadeira arte. Só paiadores de qualidade conseguiam. Agora não! Se alguém começar a meter conversa assim do nada desperta desconfianças em vez de paixões. São precisos uns likes numas fotos para aquecer o ambiente e depois um "Oi nice profile pic" no chat. A partir daí é uma questão de vontades.

E pronto,  entretanto o giro foi-se embora. A vida às vezes é mesmo triste!! Ou não! Porque a verdade é que uma gaja não quer marido, nem sequer namorado! Uma gaja quer um brinquedo para passar o tempo e depois da novidade quer outro que o último já não fascina  (ou não presta, ou está estragado). E assim faz a vida em modo repeat, com o pai preocupado a perguntar de vez em quando "o que é que é isso no teu pescoço?". Coitado! Tá morto que eu assente a ver se lhe dou um bocado de descanso. Mas não há jeito maneira!

As pessoas dizem-me que um dia isso vai mudar. Que "ahh quando encontrares aquela pessoa", "quando for vai ser a doer". Eu lá lhes abano a cabeça como quem finge que concorda mas cá pra mim que ninguém me ouve penso que não. Não me interessa. Não me faz falta. Não me imagino a.

A título da verdade devo dizer que aqui há uns tempos achei que estava apaixonadita. Mas dois dias depois já me tinha passado! E ainda bem porque ele é basicamente igual a mim e ia ser um problema dos diabos. 

Acho que nem todas as pessoas nasceram para isso. Para levarem uma vida a dois! Eu ouço-as a dizer que lhes faz falta o carinho e o companheirismo e não me identifico. Eu tenho tudo isso e muito mais dos meus amigos. E tenho algo que nunca terei numa vida a dois: liberdade. Pura, dura, total!

Catarina Vilas Boas

Comentários

  1. Olá Catarina,
    Gostaríamos de enviar um e-mail com um convite, mas não encontramos o teu endereço de e-mail.
    Podes pf, enviar-nos um e-mail para switchonnetwork@gmail.com com o teu endereço de e-mail para te enviarmos um convite?
    Obrigado

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  2. Eu já estive de um lado e de outro. Já passei por uma fase em que sentia muita necessidade disso e que não sabia estar sozinha. Depois, cheguei a uma fase em que afastava toda a gente que tentasse, estive uns anos sozinha e era assim que queria estar, não sentia falta, garanto-te. Pensei até que seria eu e o meu filho por largos e bons anos. Entretanto, isso mudou quando conheci a pessoa com quem estou agora. Percebi que afinal gostava daquilo de que há muito não sentia necessidade. Portanto, isso pode mudar, sim. Mas nem toda a gente tem o mesmo ritmo, nem forma de pensar, nem modo de vida. Vive a tua vida da forma que quiseres e se algo mudar, só a ti diz respeito :)

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    1. Fico contente por ti, Cy! Felicidades (: e tens razão, claro! Cada um é feliz à sua maneira. Sozinho, a 2 ou a 3 e por aí fora ahah! Beijinho.

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