Quando as borboletas viram lagartas

Há pessoas nesta vida que, por mais que o tempo passe, vão sempre dar-nos ganas de as estender ao comprido com um soco no meio dos olhos. É isso e a sensação de nojo tão profunda que até os intestinos se reviram em protesto. É um bocado parecido com aquela cena das borboletas no estômago quando se está apaixonado, mas ao contrário, como se as borboletas tivessem voltado atrás na metamorfose e fossem agora lagartas carnívoras que nos ruminam a partir de dentro. 

O soco uma gaja não pode dar porque já é maior de idade e qualquer coisa vai presa. Depois tem também as questões que um soco no meio dos olhos, dado assim à frente de qualquer pessoa, pode levantar (ninguém precisa de saber a minha vida!). Mas pode-se sempre fazer outras coisas - tipo macumbas e voodoo - ou outras cenas básicas no playbook da revenge *wink wink*. 

A beleza na arte disto tudo reside no facto de existir sempre a possibilidade de estendermos a pessoa ao comprido metaforicamente, sem que ela saiba, ficando para sempre ali, no meio da estrada (ou numa valeta), feliz na inocência de achar que o que se faz de mal nesta puta desta vida não se paga em dobro.

Paga-se.

A única regra é: nunca vender a alma a troco de umas lagartazitas no corpo. Já agora, também não a vendam por causa das borboletas. Trust me, não vale a pena. 


Catarina Vilas Boas

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