Bucket List #1

Ter uma tatuagem feita pela Whang Od, a última tatuadora Kalinga. Mas pequenina, que isto tem ar de doer pra c*ralho!



Whang Od tem 92 anos e é a última tatuadora Kalinga. A sua técnica tem mais de mil anos e é transmitida de geração em geração. Como perdeu o namorado na guerra quando tinha 25 anos, não teve filhos e as tatuagens Kalinga vão morrer com ela.

Vive em Buscalan, uma vila escondida numa montanha, situada na ilha Luzon e a única forma de lá chegar é através de uma caminhada de uma hora por trilhos traiçoeiros. Se a vila não fosse recôndita, provavelmente estaria cheia de turistas desejosos de ter a pele para sempre marcada com uma tatuagem de Wang Od, a mulher mais velha da tribo que levará consigo, no dia em que morrer, um pedaço da cultura e tradição do seu povo. 


A tinta para as tatuagens é feita com água, carvão vegetal e batata-doce, tudo misturado numa tigela de casca de coco. Para desenhar a pele, Wang Od usa ramos de calamansi (citrinos) ou limas filipinas e um prego fixo num pau de bambu.

Os clientes podem decidir onde querem a tatuagem mas o desenho é ela quem escolhe. Existe também a possibilidade de pedir um dos desenhos que Wang Od tem nos braços.



Cada tatuagem custa, no mínimo, 500 pesos filipinos que é qualquer coisa como 11 euros. E, para além das tatuagens, Wang Od acolhe todos os turistas em sua casa, no primeiro andar, onde lhes dá alojamento e comida. À conta disso, é uma das mulheres mais ricas da tribo, muito embora leve a vida modestamente. 

A tatuadora não é a única a fazer negócio com a chegada de turistas. Charlie Pan­-Oy, o seu vizinho, vende marijuana e todos os locais recebem uma cota paga pelos visitantes, imposta pela The National Commission of Indigenous People. 



Catarina Vilas Boas

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