Fala-me de Amor


Acho que não deve haver ninguém que ouça esta música sem pensar num desses amores que teve. Aquele que marcou, que feriu, que calejou para a vida. Que correu mal! Porque se tivesse corrido bem, não tinha terminado. Toda a gente tem um (ou mais) desses.

Só se consegue apreciar esta música quando as feridas sararam, quando o desgosto está esquecido. Já não dá nó na garganta, já não dá rancor, já não dá amargura, já não dá dor. Essa altura é, para mim, uma das mais bonitas fases do amor. É a fase em que aceitamos a perda e deixamos de edificar aquele laço, desfeito por qualquer razão, na tortura do trauma que deixou atrás de si. Ficam só as coisas boas, a união cósmica que proporcionou, os momentos que relembramos com um sorriso incontrolado, a pessoa que nos partiu em mil pedaços mas que, antes de tudo, nos fez sentir inteiros.

Porque o amor é uma cena filha da p*ta, mas é tão belo ao mesmo tempo. De uma beleza tão grande que, nem eu nem ninguém, a consegue transcrever em palavras.

Catarina Vilas Boas

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